Reino Unido usa IA para verificar idade de refugiados e gera polêmica sobre privacidade

O Ministério do Interior do Reino Unido revelou uma polêmica iniciativa para implementar sistemas de inteligência artificial na verificação de idade de menores refugiados, gerando intenso debate entre especialistas em privacidade, imigração e cibersegurança. O sistema, que utiliza algoritmos avançados de reconhecimento facial, pretende determinar objetivamente se os solicitantes de asilo que alegam ser menores de idade realmente têm menos de 18 anos.

Segundo declarações governamentais, a solução de IA analisará características faciais, estrutura óssea e outros marcadores biométricos, com taxa de precisão alegada entre 85-95%. Autoridades de fronteira argumentam que esta abordagem tecnológica padronizará avaliações atualmente baseadas em critérios humanos subjetivos e documentação inconsistente.

Entretanto, a proposta recebeu duras críticas de diversos setores. Especialistas em privacidade destacam preocupações sobre:

1. Proteção de Dados: Coleta e armazenamento de informações biométricas sensíveis de pessoas vulneráveis
2. Viés Algorítmico: Possíveis discriminações raciais ou étnicas nos sistemas de reconhecimento facial
3. Falsos Positivos: Consequências graves de classificar erroneamente menores como adultos
4. Falta de Transparência: Informações insuficientes sobre o treinamento e validação dos modelos de IA

Profissionais de cibersegurança alertam para riscos técnicos na implementação. 'Qualquer banco de dados governamental com identificadores biométricos se torna alvo prioritário para hackers', observou a Dra. Emily Chen, pesquisadora em segurança biométrica do Imperial College London. 'Já vimos vários casos de sistemas supostamente seguros serem comprometidos, e as consequências aqui podem ser especialmente graves.'

O Ministério do Interior afirma que todos os dados serão criptografados e armazenados com segurança, mas não forneceu especificações técnicas detalhadas sobre os protocolos. Críticos argumentam que, sem verificação independente e mecanismos robustos de auditoria, as garantias de segurança do sistema permanecem questionáveis.

Especialistas jurídicos também apontam possíveis conflitos com a Lei de Proteção de Dados do Reino Unido e o Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR) da UE, especialmente sobre o processamento de dados pessoais sensíveis e decisões automatizadas que afetam direitos individuais.

Enquanto o debate continua, o cronograma de implementação permanece indefinido. O governo enfrenta pressão crescente para realizar avaliações de impacto detalhadas e estabelecer salvaguardas adequadas antes de implantar a tecnologia em todo o país.